quinta-feira, 31 de maio de 2012

Nonsense

Longe passou o inverno subtil das roupas quentes e pausado na descoberta. Quase chega o Verão, de corpos desnudos, é certo, mas que escorrem suor ordinário sob a pele que agora se vê manchada dos tecidos e vasos e sangue e células da vida. Afastamo-nos do olfacto peculiar das roupas coladas ao suor e ao corpo e ao ar fervente e urgente. Aparecem a acenar, como em hipopótamos que sobem civilizadas calçadas de verão, pernas que colossalmente tremem do impacto no chão, furadas da casca de laranja que não escapa à sociedade contemporânea. Tremem as t-shirts de marca, as t-shirts sem marca e as t-shirts marcadas pelo suor, pelos logotipos, pelo decote em V ou em Z. Marcam-se as barrigas - queiramos olhar - em peças que esvoaçam a lata e o bem estar, a tentativa de não conter o medo da rejeição, da coca-cola e croissant au chocolat despachados na maior segurança do "eu quero, posso e mando" que facilmente se transforma em subserviência servil aos desejos da alma e dos outros. Não fazer sentido, fazer calor, as árvores choram pólens que me afectam o cérebro, a escrita e a pontuação. Regressa assim o calor deste blog.