sábado, 20 de março de 2010

Pecado

Não, as estrelas não me vão conceder mais tempo. Sussurram entre si, clamando que transpus alguma linha invisível, traçada na delicadeza indefinida das nuvens ou das golfadas de fumo.

Paro de respirar. Para quê voltar a saciar-me na impureza desta fragância mortal? A ânsia de chegar ao arrepio eterno perdeu-se; a ilusão do que é imediato também cessou, para nunca mais voltar. Findou o meu lugar aqui, mas não sei como partir.

As voltas frenéticas nesta esfera perduram e irão perdurar. Não é fácil quebrar os alicerces que aqui me prendem, mas também não me acariciam ventos clarividentes, ventos que me tragam o futuro.

Gostava tanto de te levar comigo. Queria tanto que pudesses ver para além desta máscara hipócrita que ostento. Tanto como a lua quer a escuridão ou as nuvens querem o céu.

É impossível, estes dois mundos nunca se irão fundir. Esta é a tua benção, a minha maldição.