sábado, 24 de abril de 2010

Cortina

Fechas-te num quarto escuro
Ainda que de branco pintado
Vais cimentando esse muro,
Muro que me deixa desorientado

Não há preces resistentes
Ao desalento da tua alma
Que vive de visões dementes
De onde há muito fugiu a calma

Traças mais um dia errante
No leito de lençóis de veludo
Possa um deles ser amante
De todo o perigo agora desnudo

Lembras-te daquela hora?
Aquela que demora,
Aquela que chora,
Aquela que nunca vai embora
Não deixas que se liberte
E se dissipe como fumo
Permites que te aperte
Que apague o teu rumo

Essa cortina cerrada
Que todo o brilho retém
Permanecerá fechada
Puxada por ninguém

Quem o podia fazer
Desconhece tamanha fortuna
Julga-se fragmentada duna
Perdido do seu poder