segunda-feira, 14 de março de 2011

Mais longe

E assim rebentei de vez com o chão periclitante que pisava. Já muitas fendas o povoavam e anteviam tal desfecho óbvio.Não estava lá o ouro com o qual vou sonhando; o ouro que, nos meus momentos de sede sensorial, dou por mim a procurar a qualquer custo.

Bem sei que é efémero, que não é ele que importa mas sim a descoberta; bem sei que, uma vez encontrado, deixa de ter todo e qualquer valor. A próxima exploração planeia-se sempre de dimensões épicas e avassaladoras, capazes de suplantar as (des)ilusões anteriores.

A descoberta de novos trilhos funde-se simbioticamente com a auto-destruição provável do meu corpo limitado e insatisfeito, cuja acção frenética o meu cérebro latejante pretende imolar de forma eterna.

Antes acontecesse tal alívio. Novamente, como ciclo vicioso, uma vez descoberto o tesouro este reduz-se à importância de um ar - que respiramos há demasiado tempo para o notarmos - ou de um contacto físico ríspido, mecânico, rudimentarmente carnal.

Ainda não percebi se é o nevoeiro que me impede de ver outras ilhas preciosas ou se, pura e simplesmente, não há nada mais para penetrar. Se calhar é só uma protecção - não é por acaso que me sinto sujo e usado.

O pior...é que um dia o tempo esgota-se e o infinito fica sempre lá, nesse mesmo sítio que no fundo sabemos não poder tocar - nenhum de nós. Almas resignadas, este é o vosso mundo, não o meu.



"Foder é perto de te amar, se eu não ficar perto"