sábado, 24 de julho de 2010
Falta
Casa sem esperança
Para gente que fecha as janelas
À alma da tua lembrança
Luar sinistro e escuro
Para quem não se decidiu
Entre o sofrimento de ser
E a vida por trás do escudo!
Para quem, insano, arriscou
Ficar com o presente vazio
Sem a glória que antes sonhou
Avenida do centro deserta
Em plena luz do dia
Cheia de gente incerta
Em invisível correria
Café sem mexericos
Jornal, bilhar ou matrecos
Objectos desconhecidos
Não te importa a falta
Do que nunca conheceste
A chama que em nós exalta!
Mentes com o sorriso amarelo
Que esconde o óbvio engano
De não querer aquilo que é belo
Por considerá-lo profano
Preferes não viver a loucura
De ver em mim o momento
Da tua doença a cura!
Do sinónimo de dor
Foges, medrosa existência
Da tua perigosa demência
Vazio deserto de amor
domingo, 20 de junho de 2010
Passado
Havia uma avenida
Banhada pela correria
Do sol, não das gentes
Nem de um sopro de alegria
Havia uma esplanada
De conversas indiscretas
Bebericavam ali segredos
Boatos, cusquices incertas
Havia um jardim sossegado
De sombras frescas em paz
Amores cínicos se confundiam
Nas árvores e arbustos, por trás
Promessas vãs de esperança
No tempo que não iria embora
No futuro mudaria a dança
Para uma de saudade que chora
Histórias de um sítio vazio
Vazio parecido com nada
Perdido para quem é demais
Achado pela manada
Deu-me o tempo o que preciso
Para perseguir a névoa dourada
Vaga, que se aproxima num riso
Minha paixão e tormenta amada
Banhada pela correria
Do sol, não das gentes
Nem de um sopro de alegria
Havia uma esplanada
De conversas indiscretas
Bebericavam ali segredos
Boatos, cusquices incertas
Havia um jardim sossegado
De sombras frescas em paz
Amores cínicos se confundiam
Nas árvores e arbustos, por trás
Promessas vãs de esperança
No tempo que não iria embora
No futuro mudaria a dança
Para uma de saudade que chora
Histórias de um sítio vazio
Vazio parecido com nada
Perdido para quem é demais
Achado pela manada
Deu-me o tempo o que preciso
Para perseguir a névoa dourada
Vaga, que se aproxima num riso
Minha paixão e tormenta amada
XX-YY
Sempre soube, sempre vi
Que tomada foi a loucura
Tudo o que por ti senti
Turbilhão que em mim perdura
Desde aquele bar intimista
Olhares cruzados letais
Sentimento alarmista
De géneros semelhantes, iguais
Atracção abominável
Diz o povo preconceituoso
De ignorância admirável
De palavreado cavernoso
As mãos entrelaçadas,
Os lábios unidos,
As maldições que foram rogadas…
O toque da tua pele,
Pele como qualquer ser
O perfume, odor a mel
Já não posso sem ele viver!
Sucumbam, deixem-me ser,
Massas intolerantes e dementes
Que não me sei entregar
A elas, tão atraentes
Ninfas perturbadoras e belas
Hope
Não sei há quantos dias
Não sei há quantos luares
Trouxeram aquelas maresias
Meu corpo para estes vagares
Turvas as águas, outrora
Sujas de sangue e lama
Anos antes da aurora
Me deixaram tempos de infâmia
Feitiços de bruxas lendárias
Lacunas de um ser imperfeito
Submerso em dores imaginárias
Perdido no seu próprio leito
Tardou a onda de espuma
Que me traria ansioso alento
Adormecida ficou, na bruma
À espreita daquele momento
Chegou, por fim, sem aviso
Quem vem libertar este nó
Que faz de mim tão narciso
Que me sufoca e me deixa só
Só esse possui a chave
Que o abre, baú velho e baço
Só esse comanda a nave
Na qual iremos para o espaço
Enfim no meio das estrelas
Mais que metade me tenho
Névoas escuras, porquê vê-las?
Ficaram onde me estranho
Esfumam-se, vagas, distantes
Como páginas de diário antigo
Perdem-se no passado, latejantes
Fragmentos de tão vil inimigo
Não sei há quantos luares
Trouxeram aquelas maresias
Meu corpo para estes vagares
Turvas as águas, outrora
Sujas de sangue e lama
Anos antes da aurora
Me deixaram tempos de infâmia
Feitiços de bruxas lendárias
Lacunas de um ser imperfeito
Submerso em dores imaginárias
Perdido no seu próprio leito
Tardou a onda de espuma
Que me traria ansioso alento
Adormecida ficou, na bruma
À espreita daquele momento
Chegou, por fim, sem aviso
Quem vem libertar este nó
Que faz de mim tão narciso
Que me sufoca e me deixa só
Só esse possui a chave
Que o abre, baú velho e baço
Só esse comanda a nave
Na qual iremos para o espaço
Enfim no meio das estrelas
Mais que metade me tenho
Névoas escuras, porquê vê-las?
Ficaram onde me estranho
Esfumam-se, vagas, distantes
Como páginas de diário antigo
Perdem-se no passado, latejantes
Fragmentos de tão vil inimigo
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Quem?
Quem eu sou?
Não me encontro, não conheço
Para onde olho, para onde vou
Não sei porquê, porque mereço
Este olhar que a mim fitou
Quem tu vês?
Um riacho turvo e fraco
Como a palidez da minha tez
Amor meu feito num caco
O que foi, o que o fez?
Quem me agarra?
Se ousa chegar perto
E não acha o que contava
Não é justo, não é certo
Por isso me refugiava
Perdido nas malhas dos céus
Sombrio nas luzes difusas
À espera, como os outros réus
Das suas penas obtusas
Não sei se deles, não sei se minha
A culpa desta vida perdida
Desde que nasci, decerto tinha
A minha fatal sentença lida
Não me encontro, não conheço
Para onde olho, para onde vou
Não sei porquê, porque mereço
Este olhar que a mim fitou
Quem tu vês?
Um riacho turvo e fraco
Como a palidez da minha tez
Amor meu feito num caco
O que foi, o que o fez?
Quem me agarra?
Se ousa chegar perto
E não acha o que contava
Não é justo, não é certo
Por isso me refugiava
Perdido nas malhas dos céus
Sombrio nas luzes difusas
À espera, como os outros réus
Das suas penas obtusas
Não sei se deles, não sei se minha
A culpa desta vida perdida
Desde que nasci, decerto tinha
A minha fatal sentença lida
sábado, 24 de abril de 2010
Cortina
Fechas-te num quarto escuro
Ainda que de branco pintado
Vais cimentando esse muro,
Muro que me deixa desorientado
Não há preces resistentes
Ao desalento da tua alma
Que vive de visões dementes
De onde há muito fugiu a calma
Traças mais um dia errante
No leito de lençóis de veludo
Possa um deles ser amante
De todo o perigo agora desnudo
Lembras-te daquela hora?
Aquela que demora,
Aquela que chora,
Aquela que nunca vai embora
Não deixas que se liberte
E se dissipe como fumo
Permites que te aperte
Que apague o teu rumo
Essa cortina cerrada
Que todo o brilho retém
Permanecerá fechada
Puxada por ninguém
Quem o podia fazer
Desconhece tamanha fortuna
Julga-se fragmentada duna
Perdido do seu poder
Ainda que de branco pintado
Vais cimentando esse muro,
Muro que me deixa desorientado
Não há preces resistentes
Ao desalento da tua alma
Que vive de visões dementes
De onde há muito fugiu a calma
Traças mais um dia errante
No leito de lençóis de veludo
Possa um deles ser amante
De todo o perigo agora desnudo
Lembras-te daquela hora?
Aquela que demora,
Aquela que chora,
Aquela que nunca vai embora
Não deixas que se liberte
E se dissipe como fumo
Permites que te aperte
Que apague o teu rumo
Essa cortina cerrada
Que todo o brilho retém
Permanecerá fechada
Puxada por ninguém
Quem o podia fazer
Desconhece tamanha fortuna
Julga-se fragmentada duna
Perdido do seu poder
sábado, 20 de março de 2010
Pecado
Não, as estrelas não me vão conceder mais tempo. Sussurram entre si, clamando que transpus alguma linha invisível, traçada na delicadeza indefinida das nuvens ou das golfadas de fumo.
Paro de respirar. Para quê voltar a saciar-me na impureza desta fragância mortal? A ânsia de chegar ao arrepio eterno perdeu-se; a ilusão do que é imediato também cessou, para nunca mais voltar. Findou o meu lugar aqui, mas não sei como partir.
As voltas frenéticas nesta esfera perduram e irão perdurar. Não é fácil quebrar os alicerces que aqui me prendem, mas também não me acariciam ventos clarividentes, ventos que me tragam o futuro.
Gostava tanto de te levar comigo. Queria tanto que pudesses ver para além desta máscara hipócrita que ostento. Tanto como a lua quer a escuridão ou as nuvens querem o céu.
É impossível, estes dois mundos nunca se irão fundir. Esta é a tua benção, a minha maldição.
Paro de respirar. Para quê voltar a saciar-me na impureza desta fragância mortal? A ânsia de chegar ao arrepio eterno perdeu-se; a ilusão do que é imediato também cessou, para nunca mais voltar. Findou o meu lugar aqui, mas não sei como partir.
As voltas frenéticas nesta esfera perduram e irão perdurar. Não é fácil quebrar os alicerces que aqui me prendem, mas também não me acariciam ventos clarividentes, ventos que me tragam o futuro.
Gostava tanto de te levar comigo. Queria tanto que pudesses ver para além desta máscara hipócrita que ostento. Tanto como a lua quer a escuridão ou as nuvens querem o céu.
É impossível, estes dois mundos nunca se irão fundir. Esta é a tua benção, a minha maldição.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Memórias
A sala estava sombria. Só com muita atenção se captavam os vultos da desorganização ou o silêncio da solidão. Apenas uma pequena luz era visível, iluminando aquele cabelo encrespado, debruçado sobre papéis por rabiscar.
Oh, tanto trabalho por fazer, tanto trabalho importante para terminar. E ele por um fio, com a concentração a escapar pelos olhares exasperados que caíam sobre os ponteiros horários.
Não faltava muito para que a luz se apagasse, perdendo aquele amarelo difuso. No entanto, o cadeirão em pele - coçado e frio - continuava imóvel, sem magoar o frágil verniz do soalho.
Muito longe dali, sons misturavam-se e aterravam num sítio que aquele rosto cansado não pretendia visitar. A aterragem não foi nada suave, no meio dos ramos de indiferença e desprezo. Tentou sacudi-los, sem qualquer sucesso.
Não era apenas uma sensação de dejá-vu, era aquele boomerang que o perseguia, mesmo quando pensava já o ter perdido. Eram aqueles olhos vazios, aos quais jurou nunca mais ceder.
Porque desejava tanta gente poder ser invisível, quando ele o era e tudo o que ganhava com isso eram lágrimas? De que vale olhar quando não se consegue ver? Tudo o que ele queria era que o encontrassem. Desejava fugir deste mundo preso em si próprio, preso pela face negra de quem nele habita.
Subitamente, algo o enviou de volta para aquela divisão - um ruído abafado, vindo do quintal. Olhou por momentos, desconfiado, tentando aperceber-se de algo errado. Nada. Talvez fosse impressão sua.
Levantou-se, fazendo um esforço por se manter de pé naquela melancolia desiquilibrada. Caminhou pelo corredor, em busca do conforto quente da cama - conforto que não podia encontrar em ninguém. Olhou pela janela, a caminho do quarto, preocupado com o ruído que ouvira. A casa era demasiado vistosa para passar despercebida, mesmo de noite. E se fosse assaltado?
Aquela preocupação foi a gota de água. Aquilo em que pensava esfumou-se e o chão aproximou-se em círculos, como uma espiral. Caiu com alguma violência sobre o tapete de arraiolos. Não desmaiara, mas estava fraco, sem forças.
Não conseguia sentir nada além de uma dor aguda no peito, que ia aumentando gradualmente. Já não tinha fôlego para aguentar nem força para lutar.
Todavia, algo se sobrepôs ao seu desalento. Algo se aproximava, algo que não podia esperar, nunca. A porta rangeu, deslocando-se lentamente e deixando passar o ruído dos passos preocupados. Um vulto aproximou-se, apressado, ao deparar-se com aquela situação. Ele fechou os olhos e tentou esboçar um sorriso.
Estava tão errado...
Oh, tanto trabalho por fazer, tanto trabalho importante para terminar. E ele por um fio, com a concentração a escapar pelos olhares exasperados que caíam sobre os ponteiros horários.
Não faltava muito para que a luz se apagasse, perdendo aquele amarelo difuso. No entanto, o cadeirão em pele - coçado e frio - continuava imóvel, sem magoar o frágil verniz do soalho.
Muito longe dali, sons misturavam-se e aterravam num sítio que aquele rosto cansado não pretendia visitar. A aterragem não foi nada suave, no meio dos ramos de indiferença e desprezo. Tentou sacudi-los, sem qualquer sucesso.
Não era apenas uma sensação de dejá-vu, era aquele boomerang que o perseguia, mesmo quando pensava já o ter perdido. Eram aqueles olhos vazios, aos quais jurou nunca mais ceder.
Porque desejava tanta gente poder ser invisível, quando ele o era e tudo o que ganhava com isso eram lágrimas? De que vale olhar quando não se consegue ver? Tudo o que ele queria era que o encontrassem. Desejava fugir deste mundo preso em si próprio, preso pela face negra de quem nele habita.
Subitamente, algo o enviou de volta para aquela divisão - um ruído abafado, vindo do quintal. Olhou por momentos, desconfiado, tentando aperceber-se de algo errado. Nada. Talvez fosse impressão sua.
Levantou-se, fazendo um esforço por se manter de pé naquela melancolia desiquilibrada. Caminhou pelo corredor, em busca do conforto quente da cama - conforto que não podia encontrar em ninguém. Olhou pela janela, a caminho do quarto, preocupado com o ruído que ouvira. A casa era demasiado vistosa para passar despercebida, mesmo de noite. E se fosse assaltado?
Aquela preocupação foi a gota de água. Aquilo em que pensava esfumou-se e o chão aproximou-se em círculos, como uma espiral. Caiu com alguma violência sobre o tapete de arraiolos. Não desmaiara, mas estava fraco, sem forças.
Não conseguia sentir nada além de uma dor aguda no peito, que ia aumentando gradualmente. Já não tinha fôlego para aguentar nem força para lutar.
Todavia, algo se sobrepôs ao seu desalento. Algo se aproximava, algo que não podia esperar, nunca. A porta rangeu, deslocando-se lentamente e deixando passar o ruído dos passos preocupados. Um vulto aproximou-se, apressado, ao deparar-se com aquela situação. Ele fechou os olhos e tentou esboçar um sorriso.
Estava tão errado...
domingo, 10 de janeiro de 2010
Manhã psicadélica
“Vai ser hoje”, pensas animado. Lutas energicamente contra os lençóis da cama e, quando finamente os vences, corres para a janela na esperança de que ela te deixe finalmente tocar os segredos do mundo. Procuras com o olhar bem aberto, mas será o suficiente?
Tudo se desvanece nessa fracção de segundo. Não há mais nada, além da brisa que te acaricia a face e o sol que faz brilhar a rua, embora não os consigas sentir. Não, não foram as nuvens que te impediram de ver o que esperavas.
Até quando vais esperar que alguma divindade o faça por ti? Não percebes que, apesar do baú do tesouro estar trancado, és o dono da sua chave? De que adianta esperares pela perfeição se ainda não sentiste o que é falhar?
Precisas de cometer um novo erro, para então deixares de navegar nesse mar sem água, tela sem cor. Precisas de a procurar de novo, para acalmar por instantes esse ímpeto cego que te controla.
Perigosa, excitante, obscena. É por isso que não lhe consegues resistir. Porque te faz esquecer aquilo que és e tudo aquilo que nunca foste. Tudo aquilo que fizeste e tudo aquilo que nunca pudeste fazer.
Deixas-te levar nessa viagem alucinante, viagem que nunca conseguirias fazer acordado. Mal sabes que as cores se perdem amanhã.
Tudo se desvanece nessa fracção de segundo. Não há mais nada, além da brisa que te acaricia a face e o sol que faz brilhar a rua, embora não os consigas sentir. Não, não foram as nuvens que te impediram de ver o que esperavas.
Até quando vais esperar que alguma divindade o faça por ti? Não percebes que, apesar do baú do tesouro estar trancado, és o dono da sua chave? De que adianta esperares pela perfeição se ainda não sentiste o que é falhar?
Precisas de cometer um novo erro, para então deixares de navegar nesse mar sem água, tela sem cor. Precisas de a procurar de novo, para acalmar por instantes esse ímpeto cego que te controla.
Perigosa, excitante, obscena. É por isso que não lhe consegues resistir. Porque te faz esquecer aquilo que és e tudo aquilo que nunca foste. Tudo aquilo que fizeste e tudo aquilo que nunca pudeste fazer.
Deixas-te levar nessa viagem alucinante, viagem que nunca conseguirias fazer acordado. Mal sabes que as cores se perdem amanhã.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Viagem
O teu único objectivo é atravessar essa barreira que divide o presente do futuro, as mágoas da esperança. Pensas que te será concedida uma nova luz, um tapete vermelho para tudo o que desejas - como que por milagre.
Não preciso de uma deixa tão forçada para pensar no ió-ió no qual se tornaram os meus passos, ao longo de todo este tempo. Sei que devia ter ido, devia ter feito...devia ter sido alguém mais perfeito.
Dizem-me para ficar, mas não consigo. É tarde. E vou, vou, vou, vou...até onde ninguém me consiga desiludir, até que ninguém me possa soprar mais dúvidas ao ouvido.
Aqui posso sentir as gotas dos céus a lavarem-me o rosto e o corpo - o espírito e a alma. Porém, ninguém quer encontrar esta ilha do tesouro. Fica demasiado longe e é confusa como um labirinto escuro e ambíguo - dizem eles, amarrados à sua cegueira.
Sorrio, divertido, quando julgam compreender a insatisfação eterna que em mim mora -mas como eu gostava que alguém ousasse acompanhar-me nesta cruzada.
De que vale tê-lo se não o consigo encontrar? De que vale senti-lo uma vez se não o consigo guardar?
Porquê existir se tudo o que faço é vazio? Porquê procurar de fio a pavio?
Não conheço as respostas. Ninguém conhece a cura para esta doença que não me deixa encontrar a dor.
É por isso que não quero voltar, é por isso que nunca me vou encontrar.
Não preciso de uma deixa tão forçada para pensar no ió-ió no qual se tornaram os meus passos, ao longo de todo este tempo. Sei que devia ter ido, devia ter feito...devia ter sido alguém mais perfeito.
Dizem-me para ficar, mas não consigo. É tarde. E vou, vou, vou, vou...até onde ninguém me consiga desiludir, até que ninguém me possa soprar mais dúvidas ao ouvido.
Aqui posso sentir as gotas dos céus a lavarem-me o rosto e o corpo - o espírito e a alma. Porém, ninguém quer encontrar esta ilha do tesouro. Fica demasiado longe e é confusa como um labirinto escuro e ambíguo - dizem eles, amarrados à sua cegueira.
Sorrio, divertido, quando julgam compreender a insatisfação eterna que em mim mora -mas como eu gostava que alguém ousasse acompanhar-me nesta cruzada.
De que vale tê-lo se não o consigo encontrar? De que vale senti-lo uma vez se não o consigo guardar?
Porquê existir se tudo o que faço é vazio? Porquê procurar de fio a pavio?
Não conheço as respostas. Ninguém conhece a cura para esta doença que não me deixa encontrar a dor.
É por isso que não quero voltar, é por isso que nunca me vou encontrar.
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