Fechas-te num quarto escuro
Ainda que de branco pintado
Vais cimentando esse muro,
Muro que me deixa desorientado
Não há preces resistentes
Ao desalento da tua alma
Que vive de visões dementes
De onde há muito fugiu a calma
Traças mais um dia errante
No leito de lençóis de veludo
Possa um deles ser amante
De todo o perigo agora desnudo
Lembras-te daquela hora?
Aquela que demora,
Aquela que chora,
Aquela que nunca vai embora
Não deixas que se liberte
E se dissipe como fumo
Permites que te aperte
Que apague o teu rumo
Essa cortina cerrada
Que todo o brilho retém
Permanecerá fechada
Puxada por ninguém
Quem o podia fazer
Desconhece tamanha fortuna
Julga-se fragmentada duna
Perdido do seu poder
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