sábado, 28 de novembro de 2009

Disperso

Deixaste-me no deserto de Namibe
Tórrido, onde ninguém sobrevive
Onde perco as horas que um dia tive

Não me vais guiar até ti
Deixas-me caír como folha cansada
Foste o único livro que não li
Aquele que abri na página errada

Não vou esperar
Não me vou questionar...

Vou saltar sozinho, caír no escuro
Do caminho, seguir essa linha torta
Esconder-me atrás do teu muro
Deixar esfumar-se a esperança morta

Fecho os olhos

Afinal chegas, fatal como o vento
Talvez num sopro, ou num momento
Devolves-me o que levou o tempo
Detens-te no meu olhar, atento

Quebras a barreira da distância
Subitamente, acabas com a minha ânsia
De não te ter, de não te poder agarrar
Transformas o deserto no azul do mar

Lá nunca me irei afogar
Os sonhos boiam, no meio do sal
Lá ninguém nos irá procurar
O mundo fica lá fora, não nos pode fazer mal

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