sábado, 3 de outubro de 2009

The end

O quarto estava sombrio.

No escuro, apenas um vulto deitado na cama a chorar. Lágrimas quentes, que caiam como folhas de outono.

Ele não o merecia. Ele fizera tudo o que podia fazer.

Porque é que a sua vida era um profundo fracasso? Porque é que era alvo de chacota, e ao mesmo tempo tão brilhante e humano?

Ninguém o compreendia. Estaria sempre sozinho, e foi naquele momento que se apercebeu disso.

Saiu sem que ninguém se apercebesse, batendo delicadamente a porta de casa.

Percorreu inconscientemente todas as ruas daquela terra gélida, deserta e inculta.

Numa delas, parou e sentou-se no chão indigno de si. A culpa não era sua e toda a gente iria engolir em seco quando visse como havia sido bem sucedido!

Pegou no seu pequeno caderno de bolso e começou a escrevinhar algo que se tornou incompreensível, dadas as gotas que caíam sobre aquelas folhas de papel baratas.

A dada altura, deixou de escrever.

De que lhe valia ser bem sucedido se continuaria infeliz? Se ninguém o iria respeitar? Não tinha nenhuma maneira de se escapar.

Naquele momento, McLeash dissipou-se como fumo num dia cáustico. E com ele foram as memórias de um rapazinho desajeitado, fechado, que não pertencia ali.

No entanto, o seu mundo viveria para sempre, graças àquelas folhas de papel.

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