O quarto estava sombrio.
No escuro, apenas um vulto deitado na cama a chorar. Lágrimas quentes, que caiam como folhas de outono.
Ele não o merecia. Ele fizera tudo o que podia fazer.
Porque é que a sua vida era um profundo fracasso? Porque é que era alvo de chacota, e ao mesmo tempo tão brilhante e humano?
Ninguém o compreendia. Estaria sempre sozinho, e foi naquele momento que se apercebeu disso.
Saiu sem que ninguém se apercebesse, batendo delicadamente a porta de casa.
Percorreu inconscientemente todas as ruas daquela terra gélida, deserta e inculta.
Numa delas, parou e sentou-se no chão indigno de si. A culpa não era sua e toda a gente iria engolir em seco quando visse como havia sido bem sucedido!
Pegou no seu pequeno caderno de bolso e começou a escrevinhar algo que se tornou incompreensível, dadas as gotas que caíam sobre aquelas folhas de papel baratas.
A dada altura, deixou de escrever.
De que lhe valia ser bem sucedido se continuaria infeliz? Se ninguém o iria respeitar? Não tinha nenhuma maneira de se escapar.
Naquele momento, McLeash dissipou-se como fumo num dia cáustico. E com ele foram as memórias de um rapazinho desajeitado, fechado, que não pertencia ali.
No entanto, o seu mundo viveria para sempre, graças àquelas folhas de papel.
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