quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A esfera

O relógio não vai parar. Não agora.

Quero que ande. Que corra. Que fuja.

Da pressão, do borbulhar que sinto dentro, da mágoa enfuriante.

Não deixes que a luz se apague. Tenho medo do escuro.

Não percebes? Toda a minha vida, envolto nesta carapaça distante.

Ela faz com que ninguém consiga penetrar nesta esfera enigmática.

Mas tu consegues. Atira-la contra o chão, vezes sem conta.

E nela aparecem riscos e lágrimas, sempre que te aproximas.

O vidro está gasto. A cada dia que passa, vês menos nesta esfera. Ela fora mágica, outrora.

Mostrou-te o mundo, a vida, o verdadeiro significado da palavra sentir.

Estás a perdê-la. Um dia, o vidro vai partir. Tudo será fumo.

Não conseguirás encontrar outra igual.

Nunca. Para sempre.

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