sábado, 23 de abril de 2011

Rosa...com espinhos. Updated version.

Eu, rosa de tristes espinhos, enferma estou de tão fútil elogio e agrado. De que vale um fugaz aceno de aprovação, que se consome tão brusco como tarde de sol em Londres? De nada! De um nada infinitamente 0, de um enorme e cheio vazio.

Só queria que alguém fosse mais longe – ousasse pelo menos imaginar o que fica para trás das muralhas. Tudo o que queria era sentir corajosa mão nos meus espinhos, cravada até aos limites da loucura – pele rasgada e sangue morno a brotar, invisivelmente tingindo o meu vestido de pétalas rubras. Não, não seria a morte, antes a prova de honra necessária para que alguma brava existência faça o seu caminho até ao que dentro de mim há, envolto pelo vestido de gala vermelho. Que a dor não o travasse, não, porque valiosa é tão pungente defesa exterior.

Não o conhece, pois, ninguém, ao segredo (à vida!) que em mim protege. Nem cuidadosa jardineira que de mim fingiu cuidar durante dias e noites, mais as noites do que os dias. Para essa, fui só rosa sem espinhos, ingénua e jovem – temerosa, frágil, quebradiça! Terrível excepção cometera eu e os meus segredos ficaram assim visíveis para tão pouco meritória criatura. Pois assim espinhos em mim surgiram, ferozes e bicudos, furando aqui e ali o lindo vestido – para afastar os que com o negro se medram e os que vendo o vermelho não se deixam romanticamente cegar.

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