quarta-feira, 27 de julho de 2011

Palavras.

As palavras mentem. Com as palavras que escrevo, não posso senão fazer uma fotocópia, no preto e branco distante do passado, de dores que floresceram no meu peito ou de prantos que nunca chegaram a o ser.

As palavras são como folhas mortas no chão - perdem a vida mal caiem da árvore do agora aos pés das raízes gastas e calejadas da rotina. Caiem na valeta do esquecimento ou boiam dispersas no charco inquinado do afastamento e da azáfama da solidão.

As palavras nunca poderão matar como um punhal em cascata de sangue num peito humano, mas o seu efeito é mais prolongado. São como pequenas picadas, dia após dia, desferidas precisamente no mesmo buraco que se vai escavando na alma. É a tua arma preferida, qual serial killer em que a vítima não chora sangue mas esvai-se em lágrimas. As palavras não mentem. Apenas apaziguam o teu ódio, o teu desnorte.

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