Farto dos telefones, das internetes voláteis e das cartas instantâneas, efémeras e confusas.
A única rede em que confio é a dos meus dedos nos teus, a única comunicação que aceito é a da tua íris em frente à minha, como que num duelo de palavras. Palavras ou emoções
Tudo o que sei é que isto me provoca náusea. Náusea de não te ter, náusea de não poder puxar as rédeas que te dominam como cavalo amansado, náusea por saber que não o devo fazer. Náusea não do estômago, mas por não saber digerir o teu reino para além dos nossos portões. Náusea, pelo hábito de ser contadino pobre, sem terras nem posses que não o seu coração esfiapado e cobertores de inverno.
Se as rédeas não estivessem lá, nunca as teria de puxar. Se não tivesse vez alguma visto os portões, nunca teria imaginado um reino para lá da aldeia de pobres cabanas que partilho com outras almas unas. Não teria medo dos banquetes de luxúria que lá se passam, das fofoquices que reinam na côrte real. A náusea não cobriria a minha alma nema minha boca, que para cima de ti vomita a arrogância banhada em insegurança, as balas que escondem os buracos, as flechas saídas de onde em mim abriram feridas.
O fluxo é tal que nem estas palavras fazem sentido. Nem o conforto de uma lareira acesa e de um chá de frutos vermelhos quente acalma este cavaleiro e o impede de se imiscuir num mundo tão difícil e quase medieval, em que mais do que as saudades, surge o medo, o deixar fugir da presa, não mais sob mira óptica.
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