quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Saudade...

Saudade…

Qual faca cortante, capaz de atravessar qualquer profunda caixa de Pandora, dessas que existem na imensidão dos sonhos e medos.

Tão cruel, na forma como se alimenta da maior fraqueza e, ao mesmo tempo, da maior arma de combate que vagueia nessas preciosas caixas atrás citadas.
Trata-se, claro, do desejo de ser desejado, de ser presença solarenga e marcante nas manhãs (e tardes!) de qualquer existência.

A ânsia de um doce beijo suave, da explosão atómica quando as mãos se enlaçam, os olhos fechados, como que incapazes de contemplar algo tão poderoso como é o amor.

E depois... somos levados no turbilhão, incapazes de raciocinar com clareza, incapazes de quebrar a ilusão.

Pandora liberta o monstro, ofegante.
O desejo de ter e não poder, querer e não chegar, ousar e magoar. Quando a máscara suplica ardentemente por satisfação e, quão humano e repugnante, ela é concedida.

O vislumbre das amargas águas do mar, do salgado areal, dos pensamentos perdidos – perdidos não, há muito encontraram apenas uma personagem principal.
Os minutos vagarosos, a vida incompleta, apenas metade vivida - mar sem terra, tela sem cor, amor sem dor.

E, no entanto…não ter saudades é não amar; não voar; não ver, não viver. Esconder-se como rato medroso num beco negro e doloroso.

Errar, verbo fatal, incompreendido pelos humanos. Sempre tido em tão má conta, um genuíno refugiado de qualquer dicionário. E de quem é a culpa, pelo menos neste caso? Ah!
Saudade…

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